ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA DA DÉCIMA LEGILATURA, EM 12.04.1989.

 

Aos doze dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Nona Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Nereu D’Ávila. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vieira da Cunha que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Décima Oitava Sessão Ordinária e Segunda, Terceira e Quarta Sessões Extraordinárias, que foram aprovadas. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Informações, acerca de depósito de lixo e construções irregulares que estariam sendo verificadas na denominada Av. Beira-Rio, da fiscalização de construções irregulares na Cidade e sobre a Vila denominada Cai-Cai; do Ver. Cyro Martini, 02 Pedidos de Informações, acerca da Comissão Coordenadora das Atividades de Trânsito de Porto Alegre, CCAT, que funciona da SMT; acerca das instalações e do terreno onde se situava, anteriormente, o Grupo Escolar Apeles Porto Alegre, na Av. Bento Gonçalves, ao lado do nº 1073; do Ver. Edi Morelli, 05 Pedidos de Providências, solicitando patrolamento na Rua Menina Alvira; na Rua Tenente Ari Tarragô; restauração da Rua José Viero, no Parque dos Maias, que encontra-se esburacada após serviço do DMAE; limpeza de valão no Bairro Teresópolis, nas proximidades da Av. Teresópolis nº 2166; restauração e/ou substituição de luminárias queimadas na Rua José Viero; 01 Indicação, sugerindo ao Governador do Estado que, através da Secretaria da Saúde do Estado, efetue um levantamento atualizado do número de casos de AIDS no Estado e, particularmente, em Porto Alegre; pela Verª. Letícia Arruda, 06 Pedidos de Providências, solicitando reposição de lâmpadas na Travessa Olintho Sanmartin, na Rua Mirim, em frente ao nº 226; na Rua Silvano Monteiro; reposição de lâmpadas queimadas e capina na Praça Farroupilha, na Vila Jardim; desobstrução de esgotos na Rua do Parque, localizada no Bairro São Geraldo; desentupimento da boca-de-lobo em frente à Escola Estadual de 1º Grau Dr. Emílio Kemp, na Rua Monteiro Lobato, s/nº; pelo Ver. Valdir Fraga. 09 Pedidos de Providências, solicitando desobstrução de boca-de-lobo, localizada na Rua Angelo Crivellaro, em frente ao nº 33; patrolagem para a Rua José Corrêa da Silva; recolhimento de lixo depositado na calçada da Rua João Dêntice, esquina com a Rua U, localizadas no Barro Vermelho, Restinga; substituição de bicos de luz queimados na Rua Uruguai, esquina com a Rua 7 de setembro, nas imediações do City Hotel; substituição de bicos de luz queimados na Rua Paulino Azurenha, entrada pelo nº 1197 (Beco de Servidão), em frente às casas nºs 6 e 18; ensaibramento para a Rua Miguel Ascoleze, localizada no Bairro Vila Nova; colocação de abrigo para passageiros do transporte coletivo na parada de ônibus localizada na Estrada Belém Velho, em frente ao nº 3666, no sentido Centro-bairro; regularização do calçamento da Rua Natércia Cunha Veloso; limpeza e colocação de placa proibindo depositar lixo no terreno baldio localizado na Rua Barão do Amazonas, próximo ao nº 1136. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 03/89, da Comissão Externa constituída para examinar o Requerimento nº 39/89; 271; 272; 273; 274/89, do Sr. Prefeito Municipal; 124/89, da Câmara Municipal de São João Del-Rei. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Flávio Koutzii, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Artur Zanella e Clóvis Brum, acerca da possibilidade de votação de Projeto de Lei antes de Veto quando os dois constem da Ordem do Dia. A seguir, tendo sido constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/88 e rejeitado o Veto Total, por dezessete Votos SIM contra doze Votos NÃO e quatro Votos EM BRANCO, dados ao Projeto, após ter sido discutido pelos Vereadores Artur Zanella, como Relator, Luiz Braz, Gert Schinke, Décio Schauren, José Valdir, Omar Ferri e Giovani Gregol; e encaminhado à votação pelo Ver. Artur Zanella; tendo sido escrutinadores os Vereadores Flávio Koutzii e Vicente Dutra. Ainda em Discussão Geral e Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 12/89, por vinte e nove Votos SIM contra um Voto NÃO e dois Votos EM BRANCO; e a Emenda, por vinte e nove Votos SIM contra dois Votos NÃO; após ter sido discutido pelos Vereadores Clóvis Brum, Elói Guimarães, José Alvarenga e Artur Zanella, e encaminhado à votação pelos Vereadores Adroaldo Correa, Vieira da Cunha e Lauro Hagemann, e tendo sido escrutinadores os Vereadores Ervino Besson e Nereu D’Ávila. Foi aprovado, ainda em Discussão Geral e Votação Secreta, o Projeto de Resolução nº 04/89, por vinte e sete Votos SIM contra três Votos NÃO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Ervino Besson e Nereu D’Ávila. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 12/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o Projeto de Resolução nº 04/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; e do Ver. Vicente Dutra, solicitando sejam convidadas diversas pessoas e autoridades para comparecerem a esta Casa, com a finalidade de debaterem assunto relativo às obras de canalização do Arroio Cavalhada. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu à Questão de Ordem dos Vereadores: Artur Zanella, acerca do tempo que possui o Relator de Processo para sua discussão; e do Ver. Adroaldo Correa, acerca da oportunidade de prorrogação da Sessão para cumprimento da Ordem do Dia. Durante os trabalhos, a Sessão foi interrompida por uma hora e setenta e sete minutos, nos termos do artigo 84, III do Regimento Interno; e prorrogada, a Requerimento aprovado do Ver. Adroaldo Correa, nos termos do artigo 85 do Regimento Interno. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às dezenove horas e quarenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Lauro Hagemann e Adroaldo Correa, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, encaminho à Mesa Requerimento solicitando a inversão da ordem dos trabalhos da Sessão, colocando em primeiro lugar a Ordem do Dia e, subseqüentemente, dentro da Ordem do Dia, discutir primeiro a questão concernente aos salários do funcionalismo público e, depois, a questão do Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 002/88 – Proc. n° 0492/88.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu gostaria de saber se em termos de Regimento Interno, é possível, porque me parece que o Veto sempre tem precedência na votação.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): A proposta que a Mesa iria fazer, neste momento, era: primeiro se vota a inversão e, enquanto se vota a inversão, eu procuro a orientação referente à segunda inversão.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: A primeira não tem dúvida; a segunda é regimental.

Em votação a primeira proposta do Ver. Flávio Koutzii: inversão da ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A orientação é a seguinte: a inversão do Veto com o Projeto de aumento eu tenho que colocar em votação para ver se o Plenário aceita ou não.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, eu gostaria que V. Exª determinasse à leitura do Regimento Interno, que trata desta matéria, senão corremos o risco de alterar o Regimento Interno.

 

O SR. PRESIDENTE: A Diretoria Legislativa tem uma dúvida a respeito desta votação. Nós temos um segundo problema, até para ganhar tempo, nós teríamos que receber o relato do Ver. Wilton Araújo referente ao Projeto, também. Ao natural, nós temos que iniciar pelo Veto. Logo após o Veto, suspende-se a Sessão para receber o Parecer do Relator Wilton Araújo, assumindo o Presidente da Comissão de Justiça para que se discuta o Parecer ao Projeto de aumento dos funcionários em reunião conjunta das Comissões, que será aqui no Plenário.

Aliás, primeiramente, suspende-se a Sessão e o Ver. Elói Guimarães assume a Presidência dos trabalhos como Presidente da Comissão Conjunta.

Neste momento, suspende-se para dar início à reunião conjunta das Comissões. Solicito ao Ver. Elói Guimarães que assuma a Presidência dos trabalhos da Comissão Conjunta.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se a Sessão às 14h33min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h09min): Estão reabertos os trabalhos. Solicito ao Ver. Lauro Hagemann que proceda à verificação de “quorum”.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à verificação de “quorum”.) Sr. Presidente, 19 Vereadores responderam à chamada de verificação de “quorum”.

 

O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA

 

PROC. N° 0492/88 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/88, de autoria do Ver. Jorge Goularte, que autoriza o Município de Porto Alegre a transformar área rural e dá outras providências.

 

Parecer

- da Comissão Especial. Relator Ver. Artur Zanella: pela rejeição do Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCL nº 002/88. Com a palavra, para discutir o Projeto, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vem às minhas mãos, para relatar, um Projeto de Lei que foi aprovado na Legislatura passada pela maioria absoluta da Casa. E recebi, do Processo, o Ofício do Sr. Prefeito Municipal, que trata desse Veto. Então, o meu Parecer foi feito em cima do documento encaminhado pelo Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Olívio Dutra. É isso que nós vamos tratar hoje, é do Veto e do documento que encaminha esse Veto. O Sr. Prefeito Municipal coloca, basicamente, que veta o Projeto porque fere a legislação urbanística através da Lei Complementar nº 43, de 2 de julho. Outro segundo argumento: o Executivo já teve oportunidade de posicionar-se contrário às medidas, em 02 de abril. Terceiro item: a Comissão Especial da Câmara Municipal manifestou-se contrária ao presente Projeto de Lei. São essas, Srs. Vereadores, as três alegações básicas.e principais encaminhadas pelo Sr. Olívio Dutra, e sobre estes argumentos é que fiz meu Parecer.

O primeiro argumento, que fere a legislação urbanística através da Lei Complementar nº 43, de 21 de julho. Bom, evidentemente que este Projeto aprovado não está de acordo com a Lei Complementar nº 43, que é a Lei do Plano Diretor, que foi aprovado em 1979, depois de ficar meio ano nesta Casa e meio ano em elaboração na Secretaria do Planejamento, etc. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, previa a Lei Complementar nº 43, pelos seu art. 24 e seus parágrafos e art. 25, uma revisão do Plano Diretor, que até hoje não foi feita. Então, baseada nesta revisão que não foi feita, esta Casa já alterou diversas vezes o Plano Diretor. Entendo, como Relator, que o Sr. Prefeito Municipal, ao dizer que o Projeto fere a Lei Complementar nº 43, quer dizer que só a ele, Poder Executivo, cabe o direito de alterar  o Plano Diretor, o que de pleno eu afasto. Esta Casa já alterou a destinação de área verde para o que hoje se denomina Mato Sampaio, numa Emenda do Ver. Clóvis Brum. Esta Casa já aprovou Emenda do Ver. Vicente Dutra, que extinguiu uma área verde que colocaram em cima da Vila São Vicente Mártir. Esta Casa já alterou diversos artigos do Plano Diretor e o Executivo alterou diversos artigos do Plano Diretor, sem mandar a esta Casa. Então, este primeiro argumento, que não está no Plano Diretor, eu retiro de pleno.

Existe um outro Projeto nesta Casa, que altera o Plano Diretor, que extingue uma praça na Zona Norte, que vai ser votado dentro de poucos dias, com pareceres favoráveis do Sr. Antonio Hohlfeldt, Secretário Municipal dos Transportes, do Sr. Caio Lustosa, Secretário Municipal do Meio Ambiente, extinguindo área verde na Zona Norte. Vai ser votado, e só não foi ainda porque foi adiado por cinco Sessões. Então, o princípio de que não se acaba com área verde não é tão ortodoxo assim, e eu digo por que eu citei os então Vereadores Caio Lustosa e Antonio Hohlfeldt e porque o terceiro argumento do Sr. Prefeito, depois voltarei ao segundo, o terceiro argumento do Sr. Prefeito diz que a Comissão Especial da Câmara Municipal manifestou-se contrária ao presente Projeto de Lei. Isto não é verdade. A Comissão Especial teve como seu Relator o Ver. Antonio Hohlfeldt que, em seu Relatório, neste caso, foi contrário. E teve esse Parecer, coletados – está aqui meus senhores – coletados, dois votos. Um voto do Ver. Luiz Braz: contra; um voto do Ver. Caio Lustosa: a favor do Relatório. Não votou o Presidente Raul Casa, não votou o Ver. Mano José, não votou o Ver. Mano José, não votou o Ver. Lauro Hagemann; não votou o Ver. Jorge Goularte, que é autor do Projeto; não votou o Ver. Cleom Guatimozim; não votou a Verª Jussara Cony. Logo, este Relatório, sobre o qual o Sr. Prefeito afirma que é contrário, este Relatório não foi votado, logo não existe. Então, o segundo motivo por mim afastado, porque não é verdadeiro, não houve a votação, e o Projeto que foi apresentado em março de 1988, em novembro de 1988 não tinha sido votado nem o Relatório. E por isso, então, dentro da documentação enviada pelo Sr. Prefeito, não levei em consideração.

E, por último, o item 2 diz o seguinte: “O Executivo já teve a oportunidade de posicionar-se contrário à medida em 02 de abril de.1987.” O Executivo, que em 1987 posicionou-se contra a medida, em 1988 não se manifestou contrário, tanto é que a bancada do partido majoritário à época, o PDT, com 14 votos, votou favoravelmente ao Projeto, e houve uma decisão soberana desta Casa que se coloca acima desse documento interno da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu volto a dizer, não sou advogado, dizem os advogados que o que não está no processo não está no mundo, então eu tenho agora recebido informações de que lá se plantava. Quando visitamos a área, não tinha nada plantado e, pelo que eu sei, nunca se plantou ali. Em segundo lugar, se insistia aqui, nas discussões, que não estava no Plano Diretor. É evidente que não estava, pois se estivesse, não precisaria vir esse Projeto para cá. A Vila Restinga, com 100 mil habitantes, era uma área rural, abriga 100 mil habitantes, e procurem tirar um restingueiro de lá para ver se ele prefere ir para baixo de ponte ou continuar na Vila Restinga. A Vila Chácara do Banco era área rural. Esta Casa, por um Projeto do saudoso Valneri Antunes, transformou-a de área rural em área urbana. A Vila Tio Zeca é uma área industrial.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, V. Exª tem mais 10 minutos.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: A Vila Tio Zeca era uma área industrial, foi transformada em área habitacional. E para os ecologistas, que nos dão o prazer da sua visita aqui, informo que tem um Projeto de Lei que transforma a área que foi cedida ao Jardim Botânico em inalienável, para expansão do Jardim Botânico, que está ocupado por pessoas, e que também transforma a área do Jardim Botânico em habitacional. E, ao menos um dos representantes do PT, na Casa, me diz que são favoráveis à amputação do Jardim Botânico para que as pessoas continuem lá morando.

Então, meus Senhores, eu sou Relator de um Veto. O Veto é expresso pelo documento que aqui está. Eu não entro no mérito do Projeto, no Parecer, porque não me cabe. Cabe somente discutir o Veto. O mérito do Projeto eu já discuti no ano passado, quando ele foi aprovado aqui, com 32 votos. Então, este mérito eu não discutido no Parecer. Não discutirei no tempo que o Relator tem. Eu vou discutir depois do mérito. Agora, quando se coloca e se colocou aqui, também, que lá estão se fazendo depredações, isto não cabe à Câmara Municipal coibir. Existe um órgão chamado Secretaria Municipal de Obras e Viação, com poder de polícia; existe um órgão municipal chamado Secretária Municipal de Meio Ambiente, com poder de polícia. E o Projeto que foi aprovado, não aprova loteamento nenhum para a área. Aprovada a mudança de uso, o Projeto será encaminhado à Prefeitura Municipal de Porto Alegre que, então, por intermédio da SMOV, do DMAE, da SMAM, do Planejamento, aí sim aprovará o Projeto ou não. Neste momento, principalmente para os Vereadores novos desta Casa, que não votaram o Projeto, quero lembrar que não estamos aprovando loteamento nenhum. O que se está discutindo é um Veto de uma mudança de uso. Se a Prefeitura exigir o que quiser dos proprietários, eles terão que fazer. Repito: se a prefeitura colocar condicionantes para a aprovação do Projeto, lotes de sei lá que tamanho, ou coisa que o valha, o proprietário é obrigado a seguir. Não é atribuição da Câmara Municipal de Vereadores aprovar projeto algum, e sim do Executivo Municipal.

Mais ainda, o que saiu hoje como notícia de jornal de áreas que já estavam prontas, eu não sei que áreas são essas. Eu imagino que seja um outro projeto da área, se não me engano com o nome de Serra Verde, que esta Casa recusou. Recusou porque aquele Projeto Serra Verde era ruim, aquele era ruim. Encaminhou-se, inclusive, para a Procuradoria Geral do Estado para processar o proprietário. Este a Câmara aprovou, porque achou bom.

Então, para os que leram o jornal hoje e que viram fotografias no jornal, não é este o Projeto. É outro. E repito: imagino que seja o outro, o Serra Verde, que nós aqui recusamos e, mais ainda, encaminhamos, além de à Procuradoria, me lembro agora, ao Ministério Público, onde devem estar sendo tomadas as providências. Então, Sr. Presidente, eu estou aqui, neste momento, encerrando, colocando o que está no processo. É isto que eu estou colocando.

Quanto ao Ofício do Sr. Olívio Dutra, se, como se diz, existem outros estudos que são de conhecimento do Sr. Prefeito Municipal, não os conheço, não os encaminhou. E se colocou também que, como os primeiros dias do Governo do Sr. Olívio Dutra, S. Exª não teria conhecimento perfeito do assunto. Isso pode ser correto. Mas já estamos em abril e não veio mais nenhum documento demonstrando os malefícios do Projeto. Não chegou mais nada. O que nós temos aqui, no Processo, é o Ofício do Sr. Olívio Dutra, vetando por aquelas razões. E digo aos Senhores que, se vingar esta justificativa de que não está na Lei n° 43, se nós aceitarmos hoje que, por não estar no Plano Diretor, não podemos mexer, é uma doutrina que valerá para outras coisas, que vai amordaçar, vai engessar esta Casa. Quero ver o Ver. Vicente Dutra, quando descobrir que botaram uma área verde em cima de São Vicente Mártir, a dona Noeli que mora lá há 50 anos, ou a Colônia Juliano Moreira, que a esta o PT é a favor, de tirar parte do Jardim Botânico, pois nesta tem gente que mora lá, nesta aqui não mora ninguém, mas morará, se for aprovado, não pela Câmara, mas pela Prefeitura, pois quem aprova projetos urbanísticos é a Prefeitura. Não é a Câmara. Temos aqui o ex-Prefeito João Dib, temos o ex-Secretário da SMOV, ex-Diretor do DEMHAB, que sabem perfeitamente que é o Conselho Municipal do Plano Diretor, onde o Executivo tem a maioria absoluta de seus integrantes, e que é quem aprova finalmente os projetos.

Por isso, Sr. Presidente, o Relatório, baseado no que tem nos autos, se me mandarem, se tivesse aqui dentro uma posição do Sr. Olívio Dutra, nos três meses em que está lá, dizendo que estudou mais a fundo ainda, dizendo que tem tais e tais defeitos, seria considerado um Relatório. O que tenho é uma página e meia contra o voto de 32 Vereadores da Legislatura passada. É isso que tenho neste momento. E por isso o Relatório, que é favorável à derrubada do Veto e à manutenção do Projeto. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Câmara Municipal, como instituição, deve tomar uma atitude contra determinados jornalistas que querem desmoralizar a Câmara, que querem desmerecer o trabalho dos Vereadores e que querem inventar notícias. Esta notícia que está aqui (mostra o jornal): “Fiscalização interdita área nativa ameaçada de devastação. Empresa aterrou até um riacho para abrir a passagem aos caminhões.” Essa notícia, a manchete em si é verídica, a área aprontada aqui é verídica. Só que no corpo da notícia diz o seguinte: trata da mesma área que a Câmara Municipal legislou sobre ela no ano passado e que alterou de área rural pela urbana, vetada pelo Prefeito Olívio Dutra, e esse Veto seria discutido hoje à tarde aqui na Câmara de Vereadores. Mentira do jornalista. Quis foi colocar a posição dos Vereadores diante da população, como aqueles que originam a derrubada de toda essa mata, que está aqui apresentada hoje com uma fotografia pelo jornal Zero Hora. A UTSR é a 58, a UTR, a 43 é a que legislamos ano passado, apenas 24 hectares da UTR 43. Essa UTR que está sendo apresentada aqui é a UTR 57, ela fica ao lado da outra. Quem foi ver na região, como vários Vereadores aqui da Casa foram, sabe que não é a mesma. Ontem, inclusive, fui chamado a atenção pelo Ver. Décio Schauren, que é o representante daquela região e que está fiscalizando o que está acontecendo lá. Eu dizia para ele que se ele me confirmasse que esta mata, que estava sendo derrubada, e se a fiscalização havia realmente apanhado caminhões retirando lenha daquela região, eu votaria hoje pela manutenção do Veto.

Hoje, quando eu pego o jornal para verificar o mapa do Plano Diretor, vou verificar que a região é outra e que a notícia é maldosa. E que a notícia coloca que os Vereadores fizeram algo que não fizeram. Quer dizer, nós já apanhamos por tantas coisas que fazemos, ainda vamos apanhar pelas que não fazemos: Aí é demais. Já me batem no jornal, porque estou trabalhando em cima daquilo que é chamado sábado inglês, que eu não quero defender os direitos dos comerciários. Agora, bater nos demais Vereadores e na Câmara, como instituição, por algo que não é real, porque nós não legislamos sobre esta região que aparece aqui no jornal, hoje. Fui ver a região, e o que mais me encanta na região é exatamente a mata. Uma mata belíssima. A natureza naquele local foi pródiga. Realmente, Deus, quando pensou naquela região, teve um trabalho imenso, porque ele foi muito feliz ao colocar tudo que está ali. O que me agrada no Projeto é exatamente a possibilidade de aquela mata permanecer ali, de nós não termos pessoas, como esta que é proprietária desta área vizinha, e que, de repente, arranque a mata e modifique a natureza, que é lindíssima. Se ela vai pertencer, se ela pertence a particulares ou se ela deve ser preservada como um todo, para que todo mundo vá lá, é outra coisa. Isto é, Ver. Clóvis Brum, um debate bastante ideológico. Agora, que o ecologista me diga que nós, derrubando este Veto, vamos prejudicar a natureza naquela região, quem viu o Projeto em si, quem conhece a região, quem viu onde os lotes estão sendo separados, sabe. Os lotes estão sendo separados, numa região, onde a vegetação é rasteira, inexistente e, além disso existe uma cláusula que me agrada e está sendo colocada, de que os lotes a serem vendidos naquela região, daqueles lotes não poderá sair 50% da mata já existente no local.

Então, são coisas que me agradam realmente dentro do Projeto. A capacidade que ele tem de manter ali a mata nativa. Agora, os argumentos dos ecologistas, hoje, não me puderam convencer.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, agora, acompanhando atentamente o seu pronunciamento, fiquei preocupado. Já está sendo loteado sem autorização da Prefeitura? Sem que tenha sido definida a utilização da área?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Até digo a V. Exª, Ver. João Dib, que pelo que pude observar na área existem alguns erros que foram cometidos, por exemplo, existem lotes naquela área que estão sendo reservados, para quando da aprovação do Projeto. Eu acredito, no meu modo de entender, e V. Exª coloca muito bem agora que, realmente, é um erro de quem é o proprietário da área. Primeiramente, se deveria votar o Projeto, para que depois se cuidasse dessa parte. Agora, esse erro, Vereador, pode ser um erro de fato, mas não um erro de direito. Realmente, as áreas ali não estão sendo vendidas, elas estão sendo reservadas. A área está sendo preparada para o Projeto que chega. A área está sendo preparada para o Projeto que nós estamos aprovando aqui, hoje. Agora, posso afirmar a este Plenário, pelo o que eu consegui ver na região, e eu fui na região, eu tive essa preocupação, porque eu fui Presidente da Comissão que estudou o Projeto nesta Legislatura, que o Projeto, em si, não mexe com a natureza que existe no local. O que o Projeto pode fazer é, pelo menos, dar possibilidade para que haja o loteamento, porque o loteamento não está dependendo de nós, não está dependendo da Câmara Municipal. O loteamento vai depender da aprovação do Executivo. Nós não estamos aprovando aqui nenhum loteamento, hoje, Ver. João Dib. Nós estamos votando a derrubada do Veto que não aprova nenhum loteamento. A derrubada do Veto vai permitir que haja um Projeto que será apresentado do Executivo para que o Executivo possa aprovar o loteamento ou não. E, como este loteamento, também, vai aparecer dentro daquela região, se serão duzentos lotes, se serão cem lotes, se serão dez lotes, este não é o problema que a Câmara está resolvendo hoje.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, eu estou surpreso. Eu estou surpreso quando o Vereador diz e afirma da tribuna que a Câmara de Vereadores, rejeitando o Veto, não está aprovando um loteamento. Quando, na verdade, o Vereador da tribuna está dizendo que alargando o perímetro urbano, está dando condições a que o proprietário estabeleça lá um loteamento. Portanto, na verdade, a Câmara está sendo transformada num instrumento de satisfação de interesses particulares, os mais mesquinhos possíveis.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu sinto muito não aceitar o seu aparte, eu que admiro tanto a inteligência de V. Exª, porque o que V. Exª afirma que este Vereador está falando não se trata da realidade. O que eu estou afirmando aqui, durante todo o tempo, é que não estamos aprovando, aqui, hoje, o loteamento; O que estamos aprovando é a transformação de uma área, de urbana para rural, o que dará a possibilidade, é claro, Ver. Omar Ferri, de que haja a apresentação de um Projeto ao Executivo, a fim de que possa ser aprovado ou não este loteamento.

Encerro o meu pronunciamento, chamando a atenção dos Srs. Vereadores para a beleza natural daquela região e a possibilidade que o Projeto dá de manter toda esta natureza viva. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, queridos funcionários municipais, a primeira questão que queremos anunciar aqui, em nome da Bancada do PT, é que nos foi trazida a informação de que o Secretário da Fazenda depositou, hoje, nos bancos, a quantia em dinheiro suficiente, relativa ao aumento que será votado hoje, aqui, para que haja garantia de pagamento, na sexta-feira, ao funcionalismo público. Este anúncio se fazia necessário, porque o pessoal estava inquieto.

Sobre esta questão do Veto, primeiro, é necessário colocar, aqui, em discussão, a questão do que se trata, do que é uma área verde. Área verde, nós podemos dizer que é uma praça que tem algumas árvores em cima, é uma área verde; podemos dizer que um campo de futebol é uma área verde; podemos dizer que uma grande área de mato nativo é uma área verde; podemos dizer que um monte de capim ou uma área improdutiva de uma fazenda também é uma área verde. Na verdade, a área em questão, esta do Veto do qual tratamos, está inserida numa grande área de preservação natural, que é composta por vários capões de mato nativo, por várias áreas, todas elas verdes, por várias áreas de gramados naturais, nativos e, na sua grande maioria, não explorados para fins de produção de alimentos. Grande parte desta área que está inserida ali, nos morros da Lomba do Pinheiro, é área ainda preservada do abate, são árvores nativas, na sua grande maioria; muito pouco ali existe plantado de exótico. Estamos tratando, portanto, de uma área de imenso valor ecológico, de imenso potencial ecológico, de imenso valor para o meio ambiente deste Município. Nós não estamos tratando de uma pequena praça, de um pequeno campo de futebol. Nós estamos tratando de uma grande área de interesse ambiental e que interessa preservar para o Município e para a população de Porto Alegre no seu conjunto.

Esta é a visão correta que se tem que ter sobre esta grande área, lá, da Lomba do Pinheiro, ainda preservada. Qual é a diferença que existe entre uma área ocupada, como muitas destas vilas populares de Porto Alegre que foram ocupadas pela população de baixa renda, pelos trabalhadores que não têm casa e que não têm condições de adquirir uma moradia, porque este governo não dá as mínimas condições para que isto aconteça? Estas áreas, muitas delas aqui citadas anteriormente, inclusive parques, como o Jardim Botânico, foram invadidas por uma população carente de habitação. Aqui se tenta confundir a regularização de uma área legitimamente ocupada pelos trabalhadores que são impedidos de adquirirem o terreno e a sua moradia com regularização uma área que serve para especulação imobiliária e vai vender terrenos para a burguesia. Nós fomos lá olhar esta área. Lá não tem caboclo e nem vileiro em cima desta área, como tem em algumas praças de Porto Alegre. Nem por isto temos que regulamentar. Nós vamos ter que conseguir um terreno para eles numa localização correta. Lá não tem isto. Lá é uma área de proprietário que resolveu – e aqui também enfrentamos um debate de fundo ideológico – resolveu por sua própria conta lotear aquela área de terra de uma maneira completamente ilegal, porque ele jamais poderia estas comercializando o terreno como está. E isso está comprovado no depoimento, na Comissão Especial, que ouviu o proprietário da terra e que confirma que está comercializando terrenos neste loteamento, que ele já iniciou a venda para efeito de obter o seu dinheiro, o lucro com a venda destes terrenos.

Portanto, não podemos confundir aqui o argumento que foi utilizado para regularização de uma área destas, como foi lá no Mato Sampaio, como é aquela que agora a Administração Popular está encaminhando para regularizar a área no Jardim Botânico. Então, não se pode comparar uma coisa com a outra. Quando da discussão do processo, na Legislatura passada, a Auditoria desta Casa, no seu Parecer, assinado pela Drª Marion, diz o seguinte: “O primeiro motivo seria de que o loteamento não estava aprovado pelo órgão competente do Município, estando, assim, em desacordo com a legislação federal, competente. Código Tributário Nacional, Lei nº 5.272/66, que estabelece, principalmente, em seu parágrafo 2º, art. 32, o seguinte: A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis ou de expansão urbana constantes nos loteamentos aprovados pelos órgãos competentes.”

O Parecer da Auditoria foi contra este loteamento. Primeira questão, sobre a legalidade do que nós estamos tratando aqui, é perfeitamente plausível, é perfeitamente correto que nós transformemos aquela área rural para urbana. Isso não está em questão. É perfeito a Câmara legislar sobre isto e mudar o Plano Diretor, mas nós temos que entrar no mérito da área que está em questão, porque se nós desconsideramos a própria área, como é que nós podemos ter uma visão da utilidade, para que vai se prestar essa área. Nós estamos desconsiderando completamente esta área dentro de um quadro geral, dentro de um quadro de planejamento urbano. É nesse sentido que nós temos que levar e apontar as questões que não estão sendo colocadas; estão sendo colocadas no terreno da jurisprudência, no terreno da legalidade. Mas eu remeto esta discussão a uma visão mais ampla que é o terreno do planejamento urbano da Cidade de Porto Alegre, da situação ambiental que nós vivemos e da situação social também. Então, em primeiro lugar, não se pode confundir um povoamento, uma dada demanda da classe trabalhadora sobre as áreas urbanas, com esse loteamento.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só uma correção do que disse V. Exª, nada mais. Não vou contestar V. Exª, apenas uma pequena correção. V. Exª coloca que é problema da Frente Popular que está tentando regularizar aquela situação da Joviano Moreira, eu quero dizer que o Projeto que tenta regularizar a situação da Joviano é desta Casa.

 

O SR. GERT SCHINKE: Está bem. Esta área em questão do condomínio horizontal, Colina das Figueiras, que nós visitamos hoje, é um loteamento, como eu já disse, feito para a classe média alta e para a burguesia. Ele fica cerca de 18 quilômetros da Cidade, dessas imediações de 18 a 20 quilômetros. Não é um loteamento para trabalhadores, de forma nenhuma. É um terreno que custa um monte de dinheiro, e em cima do qual terá de ser construída.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adroaldo Corrêa cede seu tempo a V. Exª, Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Agradeço, Sr. Presidente. É um loteamento, portanto, para a classe alta, que terá que construir lá em cima. Isto tem que ficar muito claro aqui. É um loteamento para a burguesia, que precisará de automóveis para ir até lá. E digo mais, é um loteamento que exigirá uma série de demandas por parte do Município. Não é verdade que os tributos arrecadados com esse loteamento vão contribuir para o Município de Porto Alegre. Eu digo que é exatamente o contrário. Todos os tributos arrecadados com esse loteamento, no futuro, não ressarcirão as exigências de infra-estruturas que vão ser exigidas por aquela população lá instalada. Se nós fôssemos fazer uma projeção, a médio e logo prazo, certamente o resultado daria negativo. E quem é que mais uma vez tira o dinheiro do bolso? É todo Município de Porto Alegre, é toda população desta Cidade. Isso também tem que ficar muito claro. Então, esse argumento de que nós, regulamentando essa área e, depois, aprovando o loteamento, vai nos carrear recursos para o Município, é uma falácia, não é verdade.

Segundo, eu quero colocar aqui, fora todas as questões legais que já estão envolvendo o Projeto em questão, o que nós entendemos essencial. Eu fiz até um mapinha, que gostaria de mostrar aos Senhores, que é o que significa nós aprovarmos a mudança dessa área em relação a todo esse conjunto que eu antes esclarecia. Aqui, nós temos localizada a Vila Mapa e a área em questão desse loteamento, que é em torno de 25 hectares.

Tem uma distância de cerca de 500 a 800 metros, em linha reta, da Vila Mapa, da área já ocupada, povoada, urbanizada. O loteamento clandestino, que nós verificamos ontem e que os jornalistas confundiram, corretamente esclarecido aqui pelo Ver. Luiz Braz, que houve uma confusão por parte desses jornalistas. E toda essa área é uma enorme área de árvores nativas, de floresta nativa. E que ambas as áreas, já que eu refuto a afirmação que foi feita pelo Ver. Luiz Braz, que lá não há desmatamento nenhum, que lá há um cuidado muito especial para com a natureza, isto não é verdade, Senhores. Isto não é verdade, isto é uma falácia, isto é uma mentira. Nós tivemos lá hoje pela manhã, na área.

 

O Sr. Luiz Braz: Não é questão de dar aparte ou não. Mentiroso pode ser o senhor e todo o mundo que o senhor pensar. Menos eu. O que eu disse aqui foi o que eu vi. Eu estou relatando o que eu vi. Agora, os argumentos de V. Exª, eu aceito quando eles são reais. Agora, argumentos assim, não! V. Exª está falando, primeiramente, para um público que não conhece a área. Vão pensar que eu sou mentiroso mesmo.

 

O SR. GERT SCHINKE: Está aqui a sua versão contra a minha. Eu estou dizendo que o senhor disse uma inverdade. A verdade é que foram derrubadas, sim, várias árvores,  e não é uma área muito pequena como tenta se mostrar. Aqui,  pelo próprio depoimento do proprietário da área, vejam bem, pasmem Senhores, quando eu lhe perguntei, na Comissão Especial, está aqui a transcrição da fita: “Eu gostaria de fazer uma pergunta: o senhor confirma que já botou máquinas lá e já fez algum arruamento?” O Sr. Paulo Bayron, proprietário da área, responde: “isto aqui já tinha” – mostrando para o MAPA – “melhorado. Esta aqui, eu abri” – o arruamento que ele fez – “eu tinha, antigamente uma plantação” – então, ele até confirma que antigamente ele plantava lá, agora ele não quer mais plantar. Aí eu perguntei-lhe novamente: “o senhor derrubou árvores para fazer o arruamento dessas ruas?” Respondeu: “Aqui nas ruas eu tirei umas árvores, pequenas vassouras.” Que não é pequena coisa nenhuma, pois eu vi o mato que está ao lado dessas ruas, são árvores enormes. E o estrago foi tremendo. Aqui tenta se minimizar, para se passar uma imagem dócil, branda do estrago ecológico. Mais adiante eu lhe perguntei: “Quer dizer que o senhor já começou a fazer o arruamento lá?” Aquilo que o Ver. João Dib colocava antes, procurava esclarecer: “Já tinha ‘arruamento natural.” Ora, eu nunca vi uma área natural com arruamento natural, ele disse: “Eu aprimorei, já tinha arruamento.” Eu nunca vi arruamento numa área natural.

A ecologia tem as suas coisas mais estranhas aqui, nos discursos que nos apresentam aqui desta tribuna.

Então vejam os Senhores, nós estamos tratando de uma área importantíssima que está inserida dentro de um grande conjunto de uma área verde e que tem que ser preservada. Ela abre um precedente para a ocupação, para a regulamentação, para a legalização de outras áreas, apesar da sua irregularidade, apesar dos descasos das fiscalizações, sejam elas por parte do Município, do Estado, Federal, do IBDF etc., que nunca olhou e que agora está olhando e nós não podemos justificar, aqui, regulamentar uma coisa porque a fiscalização nunca olhou para isso. Ora, que argumento! Nós temos, de uma vez por todas, decidir e olhar e fazer com que a fiscalização cumpra a lei que existe. Desde a lei municipal que nós estamos tentando aplicar, e nós temos recursos para embargar esta obra, até a lei estadual e a federal, que ela está fragorosamente infringindo a legislação ambiental. Isto é admitido pelo próprio proprietário, que admite ter sido multado várias vezes pelo IBDF. Está aqui na transcrição, ele admite: “eu já fui multado várias vezes pelo IBDF”.

Então essas questões, colocadas aqui, Senhores, acho que é bom sendo que nós em levando em conta, inclusive, o Parecer que nos foi trazido pela AGAPAN e um trecho desse Parecer quero ler aqui. (Lê o trecho, o qual não foi fornecido ao Setor.) Esta frase, para mim, esclarece perfeitamente a questão que estou anunciando e tentando explicar para os Srs. Vereadores, essa frase da AGAPAN para mim é lapidar. É o que se está fazendo em regulamentar este loteamento e de pressionar uma demanda de urbanização sobre as áreas vazias, os vazios urbanos que já têm infra-estrutura, que são terrenos, são grandes áreas que servem para especulação imobiliária. Se começarmos a incentivar, através da regulamentação, a regularização desse tipo de empreendimento, estaremos dando incentivo para que se destruam os últimos rincões de áreas verdes ao redor desta Cidade. E com isto aqueles Vereadores que votarão pela rejeição desse Veto vão ter que se responsabilizar, e no futuro vão ser responsáveis por isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito é o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem fui conversar com alguns Vereadores para que fizéssemos uma visita à área e para evitar que se votasse uma coisa que não viu.

Sou morador daquela região há 12 anos, moro na Vila São Francisco. Ali próximo fica a Vila Mapa, e esta área que estamos votando hoje, fica a um quilômetro da Vila Mapa.

Hoje pela manhã fomos, eu, o Ver. Ervino Besson, o Ver. Airto Ferronato, Ver. Gert Schinke, o Ver. Giovani Gregol, visitar duas áreas. Uma delas é a que tem a notícia na “Zero Hora”, que acredito que os Vereadores devem ter visto, pois tem inclusive uma foto do desmatamento. A outra é a área que é objeto do Veto do Sr. Prefeito.

A primeira área que fomos olhar, os loteadores denominaram Quinta do Portal, que é uma área de aproximadamente 300 hectares, que está sendo desmatada, inclusive, ontem o ex-IBDF esteve na área, inclusive autuou as madeireiras que estão cortando árvores, que estão cortando mato, desde o início de fevereiro, segundo os relatos dos moradores. Dizem eles, os moradores, que as motosserras estão cortando de segunda à sábado, intermitentemente. Então o IBDF já foi lá, autuou e vai abrir inquérito, inclusive na Polícia Federal. Essa é a primeira área, Quinta do Portal, que fica próxima da área que é objeto do Veto. A área que é objeto do Veto, que eles chamam condomínio horizontal Colina da Figueira, são 24 hectares aproximadamente , 244 m2, essa área fica aproximadamente 18 quilômetros do Centro de Porto Alegre. É na UTR 58, que é uma área com potencial de preservação biológica. Essa área era um tambo de leite, ali se plantava aipim, cana de açúcar e pastagem para as vacas.

Então, não é verdade que não se plantava nada nessa área. E essa área faz parte de uma grande área rural que pega, a Lomba do Pinheiro, Rincão, uma parte do Belém Velho, parte da Vila Nova e acaba na Restinga.

Eu quero falar, agora, mais precisamente sobre o loteamento. A Lomba do Pinheiro, na verdade hoje é um grande loteamento clandestino, porque ali o que está regularizado na Prefeitura, acho que é apenas a Vila Mapa, a Vila Nova São Carlos e certamente a Vila Viçosa está em tramite de regularização. O resto é tudo loteamento clandestino, não está registrado na Prefeitura. E todos os loteamentos foram iniciados, como esse loteamento que nós vimos hoje de manhã. Quer dizer, não se tem autorização para nada, vai um loteador lá e coloca as máquinas, abri as ruas, derruba as matas, e se cria um fato consumado. Depois, se cobra da Prefeitura a infra-estrutura. Então, na verdade, este loteamento, que é objeto do Veto do Sr. Prefeito, não tem autorização para mudar o Plano Diretor. Isto não foi votado e não está definido ainda. Eles não obedeceram a uma série de quesitos para fazer um loteamento. Não tiveram autorização para derrubar algumas pequenas áreas de mato que eles efetivamente derrubaram. Eles colocaram as máquinas lá, abriram ruas e, no entanto, não tiveram autorização para nada. Isto, para mim, é precedente grave. Isto é um acinte à Câmara de Vereadores. É um desrespeito total às leis que existem, porque fere desde lei municipal, estadual e federal. Acho que esse precedente nós não podemos concordar com ele, porque todos os outros loteamentos iniciaram assim. Eu queria, inclusive dizer, que a matéria, Ver. Luiz Braz, que está no jornal e que de fato não é aquela área que estamos hoje discutindo, objeto de Veto, mas esse caso que é o de fazer um loteamento sem ter autorização para nada, isto é que abriu precedente e encorajou, segundo moradores, os caras a fazerem isto que fizeram, esta barbaridade que fizeram com a área de 300 hectares, onde os caras estão derrubando mato a torto e a direito. Nós não podemos continuar abrindo precedentes.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª observou que naquela área não está sendo retirado o mato. Esta devastação que está sendo feita nesta área que é vizinha, não é nenhum exemplo de devastação que existe nesta área. Aliás, se V. Exª observou bem, até esta área, no momento, está muito bem preservada. Foi o que eu disse. Esta outra área aí, jamais concordaria com o que está acontecendo na área vizinha, como V. Exª citou ontem. E eu mesmo concordei com V. Exª.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Ver. Luiz Braz, o que acontece, inclusive o proprietário disse, hoje de manhã, que o que está loteado, o que tem os lotes prontos, são 73 lotes, mas vai ter 243 lotes. E, para isso, é preciso mexer com o mato. O dono da área quer preservar 38% da área de mato, mas, ali, para fazer 243 lotes, ele vai ter que mexer no mato. Ele já mexeu sem ter autorização para isto; este é o problema. E, ali, como V. Exª disse, a natureza é muito pródiga, têm matos belíssimos. No momento em que permitirmos um precedente, abre-se uma cunha no meio desta área rural toda, o que vai acontecer? Vai abrir uma pressão para que outros comecem a abrir também. Este é o grande precedente que eu queria que os Vereadores tomassem consciência.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, este argumento que V. Exª coloca de abertura de uma cunha nesta área rural, eu acho que de todos os argumentos que eu ouvi da tribuna é o argumento mais válido, porque todos os outros argumentos que foram colocados, me desculpem V. Exas, são argumentos que não convencem. Agora, que a área está sendo preservada e que nas declarações do proprietário da área, ele disse que foi multado uma vez, porque o tratorista derrubou uma timbaúba, quando estava abrindo uma das ruas. É a declaração do proprietário da área...

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu gostaria de fazer uma pergunta a V. Exª, se nós vamos legalizar no futuro estes loteamentos, ou vamos apoiar a invasão da propriedade como tem acontecido nos últimos tempos, quando cem ou duzentos posseiros invadem a terra e, depois, a luta entra no Poder Judiciário e acaba sempre o proprietário perdendo as terras. Eu pergunto, qual a colocação de V. Exª. V. Exª apóia a invasão da terra, ou apóia, simplesmente aqui – estou falando em Porto Alegre – a legalização destes loteamentos, muitos deles clandestinos.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Para concluir, em primeiro lugar, ali não há nenhum problema de invasão de área. Aquilo é área rural. E, inclusive, o que eu queria concluir é que toda esta enorme área que faz parte de todo o cinturão verde em Porto Alegre começa a correr perigo no momento em que nós abrimos, como eu disse, uma cunha e que outros se sentem encorajados a continuar fazendo este tipo de coisa. Mas queria chamar, principalmente a atenção da questão legal que tem sido o grande problema naquela área, porque todos os loteamentos são clandestinos, e este é mais um fato já consumado, sem que se tenha autorização necessária da Câmara e de outros demais órgãos. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, funcionários, militantes do movimento ecológico, eu iniciaria dizendo o seguinte: nobre Ver. Artur Zanella tem razão quando diz que nem tudo está no processo, mas certamente o que não está no processo está no mundo, sim, por quê? Porque eu estive hoje visitando a área e acho que o melhor parecer é a visita ao local, e aconteceu uma coisa interessante, quando fomos visitar pretendíamos atirar na raposa e acertamos no gavião, porque nós chegamos lá e fomos, pensando que era área, primeiramente visitando esta outra área que os jornais de forma equivocada publicaram hoje – a “Zero Hora” publicou hoje – o que é uma devastação numa das mais belas áreas de preservação ambiental em Porto Alegre. Uma das poucas áreas. Depois saímos dali e fomos visitar o loteamento em questão, porque, na verdade, é um loteamento. De fato, quando o proprietário argumenta que é um loteamento bem feito, num local aprazível, muito bonito, não temos nada que discordar. De fato, o local é belíssimo e a gente pode ver, até pela descrição que consta nos autos, que é um loteamento que pretende ser destinado à classe média alta, pelos equipamentos que prevê. Está tudo previsto, muito bem feito o Projeto, a área muito bonita, quanto a isto não temos a menor dúvida. Agora, o que está se questionando, e a minha argumentação vai por aí, é que nós, com a transformação desta área, que é uma área rural, em área urbana, na verdade, não estamos aprovando o loteamento, mas estamos aprovando as condições prévias para que este loteamento, que começou de forma irregular, de forma clandestina, e não para atender as populações carentes, as populações carentes, as populações marginalizadas desta Cidade, que ele se transforme numa espécie de posto avançado do que será mais tarde a destruição de toda aquela área. Eu já dizia isto quando, na Comissão Especial, falava com o proprietário, discutíamos com o proprietário. E hoje eu me convenci, porque isto já está acontecendo, porque este outro loteamento que tem ali, e que foi descoberto, este totalmente clandestino, o proprietário teve o cuidado de fazê-lo clandestino, preservando uma área perto do cinturão, perto da estrada, para que ninguém veja as ruas sendo construídas, o desmatamento já está ali acontecendo. A lógica da exploração imobiliária é esta: nós, agora, aprovamos a transformação daquela área, que é um pouco mais adiante, a área em questão, transformamos a referida área de rural em urbana e, mais tarde, vamos ter que estender o mesmo direito para estes, porque há o precedente já estabelecido. Então, isto tem que ficar muito claro e, aqui, eu quero rebater uma lição que se fez entre esse Projeto e um que vai ser votado nessa Casa, que é o da Juliano Moreira.

Esse da Juliano Moreira não dá para estabelecer relação com esse Projeto que é um empreendimento imobiliário. O da Juliano Moreira não é um empreendimento imobiliário, trata-se de uma área ocupada desde 1930 por trabalhadores, por pessoas de baixa renda e que mais tarde essa área o Estado doou para a Fundação Zoobotânica toda área, incluindo esta Vila Juliano Moreira,como se fazia no tempo do feudalismo, doando a área com os servos em cima, passando a área, a terra com servos em cima. Então, são duas situações completamente diferentes, isso aqui não se trata de interesse social, se trata de mais de um proprietário de uma área que está burlando a legislação. Fez-se um loteamento clandestino, fez-se o arruamento, derrubaram-se árvores e agora recorre a esta Casa para que essa Casa legitime, crie as condições para legitimar esse tipo de loteamento. E eu quero chamar a atenção dos Srs. Vereadores que essa Casa não pode se transformar numa espécie de balcão para esse tipo de iniciativa ilegal, porque se essa Casa aprovar esse tipo de iniciativa, daqui para a frente fica sacramentado que qualquer um pega uma área, abre as ruas, faz um loteamento clandestino e depois se acha um jeitinho de legalizar a situação. Se esse Veto não for aprovado, esse precedente, nós vamos estar abrindo. E não se pode - mais uma vez eu repito -, não se pode estabelecer relação disso com outras iniciativas como essa que nós vamos ter que tomar na Vila Juliano Moreira, porque se trata de um fato que tem a ver com a necessidade social de uma população carente. Não é ocaso aqui. Aqui nós estamos abrindo um perigoso precedente, que é, como disse o Ver. Décio Schauren, criar uma cunha no meio de uma área de preservação natural, criar uma cunha desse tipo de loteamento destruindo o ambiente natural. Eu não sei como é que o proprietário consegue dizer que vai preservar o ambiente natural. Eu não consigo saber como é que se vai fazer um loteamento, construir casas e preservar árvores, preservar o ambiente natural. Ele mesmo disse, quando o Gert perguntou se eventualmente ele havia derrubado alguma árvore que exigia alguma autorização do IBDF: “Derrubei e fui multado pelo IBDF. O tratorista achou melhor derrubar três3 timbaúbas.” Agora, o que se viu lá é que essa área não foi desmatada agora, mas há mais tempo, como vai acontecer com outro loteamento clandestino – esse, que vimos em primeiro lugar hoje – que vão derrubando aos poucos e daqui há algum tempo não vai sobrar árvore nenhuma para dar lugar às ruas que já estão abertas. O que vai acontecer? Ele vai vir aqui com a mesma argumentação de que não derrubou nada. De fato, não derrubou, porque derrubou há dois anos. Nós temos que nos conscientizar de uma coisa: esta Casa não pode abrir esse perigoso precedente para uma iniciativa que tem sérias conseqüências para o ambiente natural. Se aprovarmos esse Projeto, não teremos mais como frear a especulação imobiliária, a destruição do pouco que resta do ambiente natural existente em Porto Alegre.

 

O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria complementar uma informação que V. Exª deu sobre o depoimento dele. Quando mais tarde eu perguntei sobre quais as garantias que o loteamento teria para preservar as árvores e a área verde, ele disse que havia lei ambiental. Mas como pode citar garantia de aplicação de uma lei ambiental se ele mesmo está descumprindo a legislação ambiental?

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Encerro o meu pronunciamento, Sr. Presidente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, por transposição de inscrição com o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. OMAR FERRI: Agradeço a permissão de antecipação de tempo por parte do Ver. Gregol.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, existe no bojo deste expediente um Parecer do nobre Ver. Artur Zanella, esse Parecer, não quero criar polêmica com o Ver. Artur Zanella, mas este Parecer informa que a Casa não aceitando o Veto não estaria aprovando loteamento nenhum. Acontece que já existe loteamento assinalado por um mapa, um loteamento clandestino. Então não posso concordar com o Parecer quando ele informa à Casa que não se está aprovando loteamento nenhum, mas apenas uma mudança de uso. Mas é evidente. Uma mudança de uso é óbvia. A mudança de uso significa a transformação de uma propriedade rural para uma área urbana, para que desta forma de enseje e se possibilite a instauração de um loteamento.

Depois o Ver. Luiz Braz disse que alguns erros já haviam sido cometidos, e eu então comecei a indagar o que poderia haver por trás desse problema. Evidente que nestes dois ou três dias, depois de afastado 20 dias e tendo comparecido nesta Casa todas as manhãs para reuniões de Comissões, dado a minha condição de Líder de Bancada, e reuniões na Câmara de tarde, não tive tempo de visitar a região nem a área, objeto do Projeto de Lei. Então fico com problema de consciência, e não pretendo votar lei que lá viabilizasse um loteamento.

Não sei por que a Casa não aceitou a sugestão para que se criasse uma Comissão facultando que os Vereadores fossem pessoalmente verificar o que ocorre, e que área é essa. Seria uma verificação do local da situação. E está claro que muito mais importante de que fazer um loteamento numa área de situação ecológica tão privilegiada, confessada pelo próprio Ver. Luiz Braz, a transformação dessa área de loteamento urbano numa Cidade em que a área verde por metro quadrado deixa muito a desejar, e nas minhas viagens por este mundo a fora, tenho visto cidades com parques enormes, que mantêm com cuidado, com amor, o verde que o homem hoje destrói. Não posso! Não posso me transformar num algoz da ecologia e da natureza. Não estou sendo conta a propriedade privada, mesmo porque eu sempre fui contra a propriedade burguesa. Não sou contra a propriedade particular. Não sou contra as aspirações de um cidadão que entendeu de lotear e de estabelecer lá um loteamento, mas não posso me transformar num instrumento de consumação de loteamento clandestino, porque esta não é nossa tarefa nesta Casa. Eu pergunto, Sr. Presidente, e o poder fiscalização que existe subjacentemente em caráter conjunto com o nosso ônus público da atividade de Vereador? Será que poderia alguém chegar aqui e dizer para nós: vamos apenas alargar o perímetro urbano, o problema do loteamento é depois da Prefeitura, do Registro de Imóveis, da legislação federal, que permite o parcelamento do solo urbano. Não é verdade! Não acuso ninguém de mentiroso, não é verdade. No momento em que se transformar essa área rural em área urbana, eu não terei nenhuma dúvida de que aquela área será imediatamente loteada. Por que, vejam bem: como nasceu esse assunto todo. Nasceu de uma atitude estreitamente fisiológica de um Vereador que recebeu muitos votos na Lomba do Pinheiro, e entendeu de promover esse loteamento para continuar recebendo mais votos. Os interesses do povo, da comunidade de Porto Alegre, da ecologia, e do sistema não interessavam ao Vereador. Está aqui escrito, se alguém duvidar eu leio.

Não tenho nenhuma dúvida, vai-se fazer um loteamento, está aqui um mapa com 200 e tantos lotes. E não venham me dizer que um loteamento que transforma uma área rural em área urbana não elimina o sistema ecológico que lá existe. Os senhores olhem o que aconteceu com o Centro de Porto Alegre, de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Santa Maria, Passo Fundo, de Pelotas e de Rio Grande. Na área de Nova Iorque, também, e não só. Os povos que carecem de inteligência praticam estes crimes contra a ecologia, mas o Primeiro Mundo, que neste setor não é burro, destrói a ecologia aqui, no seu quintal de experiências, mas asseguram as áreas verdes em seus países. Se os Senhores tivessem conhecido Madrid, por exemplo, as áreas verdes da cidade de Madrid são exuberantes. Se os Senhores forem à França, a Paris, o Bois de Bologne é uma vasta e enorme área verde. Se forem à Roma encontrarão a Vila Borghese, encostada no centro da Cidade, uma das mais importantes do mundo, a cinqüenta metros da Via Vêneto, um dos maiores parques naturais da cidade de Roma.

Então, não sei por que os Vereadores não quiseram aderir à sugestão de quase metade dos Vereadores desta Casa para ir lá examinar, pois se verificaria o que na realidade está acontecendo, e se teria condições de votar, até favoravelmente, se fosse o caso.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só queria repor duas coisas, em primeiro lugar insisto que a Câmara não está aprovando loteamento nenhum. Quem aprova loteamento é a Prefeitura. Em segundo lugar, V. Exª informou que não sabia por que a Câmara não aceitou que se criasse uma Comissão, a Comissão existiu, a Comissão participou, tem um relatório...

 

O SR. OMAR FERRI: Mas se tratava da Comissão oficial, Vereador, pelo amor de Deus.

Sr. Presidente, peço que me seja assegurada a palavra.

Em primeiro lugar, o Ver. Zanella está tergiversando, loteamento existe e a Câmara aprovaria o loteamento, está aqui: condomínio horizontal Colina das Figueiras. Estou falando em grego, em francês ou alemão?

 

O Sr. Artur Zanella: É que V. Exª está falando em Bois de Bologne, para funcionários que estão esperando para ganharem 25%. E V. Exª está colocando uma questão errada novamente, não é aprovação de loteamento, quem vai aprovar ou não o loteamento é a Prefeitura.

 

O SR. OMAR FERRI: Que os funcionários estejam tranqüilos, porque já houve acordo da totalidade das Lideranças das Bancadas com assento nesta Casa, que já se comprometeram em atender as reivindicações do funcionalismo municipal.

 

O Sr. Artur Zanella: (Aparte anti-regimental.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa assegura a palavra ao Vereador que está na tribuna, que por sinal seu tempo está esgotado.

 

O SR. OMAR FERRI: Mas a minha paciência jamais se esgotará, mesmo frente aos óbices que levanta sempre o Ver. Zanella. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiros do movimento ecológico, que aqui se encontram, dignos e laboriosos membros do funcionalismo público municipal, cultos, por que eu tenho certeza que sabem, são alfabetizados, lêem, e sabem o que é Bois de Bologne, conhecem essas cidades, inclusive, conhecem os problemas desta Cidade, especialmente porque trabalham na Prefeitura Municipal, a quem compete enfrentar esses problemas.

Peço mais alguns minutos de paciência de vocês, porque sei que apesar do interesse, justíssimo, de ver oficializado esse acordo já feito, também esta discussão lhe diz respeito, visto, são cidadãos da Cidade, trabalham na sua administração e estão acompanhando atentamente, como vemos, esse debate.

Senhoras e Senhores, eu sou um ecologista e disso não me envergonho. Tenho o máximo orgulho de ser e de dizer que sou um ecologista, um ecologista que hoje está Vereador, porque não entendo que Vereador seja profissão, embora nós devamos encarar sempre da forma mais profissional possível a função de Vereador. Hoje sou Vereador, ontem não era e amanhã poderei não ser de novo, mas serei sempre ecologista e ninguém nasce ecologista, nós nos tornamos ecologistas e ser ecologistas e viver no mundo e perceber de uma forma muito especial. E como ecologista junto com outros companheiros, outros colegas desta Casa de várias bancadas e partidos, estivemos hoje visitando as duas áreas aqui citadas, em especial a área que é motivo agora, Ver. Zanella e Ver. Vicente Dutra, a área que está em discussão agora e cujo loteamento foi vetado pelo Sr. Prefeito Olívio Dutra, ficamos todos, sem exceção, com o que lá encontramos, árvores altas de troncos grossos, cedros, figueiras, guajuranas, louros derrubados e muitos incendiados. E quero dizer aqui que o Ver. Zanella tem razão quando diz que aprovando o Projeto, esta Casa não vai, num futuro, permitir o loteamento, pelo simples fato de que ele já existe, está lá, ninguém disse, nós vimos com os nossos próprios olhos – desculpe o pleonasmo -, as ruas já foram abertas, as árvores já foram derrubadas, os lotes já foram demarcados e inclusive vários vendidos. Veja só, Ver. João Dib, já se venderam lotes num loteamento que nem aprovamos ainda e alguém diz que a Casa não vai num futuro permitir o loteamento. Ela só vai referendar a irregularidade e a ilegalidade que já existe. E tudo isto, senhores, sem consulta que o próprio proprietário de viva voz me confirmou hoje de manhã, lá conosco conversando, nos disse que o IBDF não tem conhecimento do assunto, foi lá apenas multá-lo, mas não foi submetido ao IBDF o loteamento.

A Secretaria de Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul não permitiu o loteamento. Finalmente a Secretaria Municipal de Meio Ambiente também não permitiu o loteamento. Portanto, tudo foi feito com total e absoluto desrespeito às leis municipais, estaduais e federais. Todas que normatizam, tanto o loteamento de áreas, como de preservação ambiental. Por exemplo, Código Florestal, Lei nº 4.771/65 foi desrespeitada, quando diz que a cinco metros de rios não se pode fazer desmatamentos. Vimos lá riachos entupidos, se passou estrada por cima, se destruiu cursos d’água, quando se diz que nas áreas metropolitanas é necessária a permissão da administração municipal para realizar loteamento. Foi desrespeitada a Lei Municipal, de legislação quanto ao impacto ambiental, que no seu capítulo 2, art. 2 diz: “As florestas, bosques, árvores, arbustos e demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade as terras a que revestem, de domínio público ou privado, situadas em território do Município, serão imunes a corte, não podendo ser derrubadas, podadas ou danificadas.”

Tudo isto foi jogado por água abaixo. Esse proprietário da área tinha um tambo de leite. Não é verdade quando aqui foi dito que a área não produzia. Ele disse que havia vacas de leite, dava cana, mandioca que ele plantava lá. Esta atividade podia mantê-lo, mas nunca vai proporcionar os lucros – nós admitimos que no sistema capitalista o lucro é normal – enormes que ele poderá ter agora, loteando a área. Por três vezes este proprietário entrou na Prefeitura, pedindo parcelamento da área. Três vezes foi negado por irregular e na quarta mandou o Projeto para esta Casa que aprovou e o Prefeito vetou; e esperamos que o Veto seja mantido e o Projeto recusado. Na realidade, o que nós vamos fazer, derrubando o Veto do Sr. Prefeito, hoje, é permitir a entrada de uma cunha que, como diz o gaúcho, abrindo a porteira, certamente, a curtíssimo e médio prazo, significará a destruição de toda aquela região. Do lado deste loteamento tem um que a “Zero Hora” noticia hoje, cujo proprietário, com 300 hectares, já fez uma destruição enorme lá. O IBDF esteve lá, ontem, a SMAM também, atuando e que vai utilizar os mesmos argumentos, porque se encontra nas mesmas condições. E isso tudo confirma o autor do Projeto. O Ver. Jorge Goularte diz, explicitamente: “Ademais, a urbanização da área mencionada estimularia outros a optarem pela mesma mudança de uso do solo.”

O Ver. Jorge Goularte, que apresentou o Projeto para transformar esta área rural em área urbana, permitindo o loteamento, queria, assim o escreveu no Projeto, que esta atitude tivesse esta função da vanguarda. Ele quer estimular outros proprietários a fazer a mesma coisa, o que significará destruição total de uma das últimas reservas de mata nativa do Município de Porto Alegre.

Eu quero dizer aqui, inclusive concordando com o nobre Ver. Omar Ferri, que me antecedeu, que todas as questões têm uma implicação ideológica, porque a ideologia engloba tudo. Mas eu acho, senhores, que não está aqui em questão o julgamento, a condenação do capitalismo, não está, embora a questão tenha uma implicação ideológica. O que está aqui em questão, é na verdade, se for aprovado este Projeto irregular de loteamento, que já se fez o loteamento, é a premiação, mais uma vez neste País, da irregularidade, e mais, da ilegalidade, que tanto desgraça a nossa Pátria e o nosso povo.

Então, concluindo, Sr. Presidente, eu queria deixar aqui o apelo a todas as bancadas, a todos os partidos desta Casa, para que sejam sensíveis ao bom senso e que votem contra o Projeto e pela manutenção do Veto do Prefeito Olívio Dutra a este Projeto descabido. Muito obrigado pela atenção.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra, o Ver. João Motta. Desiste. Ver. José Alvarenga. Desiste. Encerrada a discussão. Em votação.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Abertos os encaminhamentos. Inscreve-se o Ver. Artur Zanella, que está com a palavra.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu encaminhamento será rápido. Eu diria, em primeiro lugar, novamente, que não estamos aprovando Projeto nenhum de loteamento e todas as negativas da aprovação deste Projeto, que existiram, ocorreram exatamente porque faltava o elemento principal, que era a alteração da utilização do solo.

Em segundo lugar, aquela zona, eu acho que a maioria dos Vereadores conhecem, não é só o Ver. Jorge Goularte que lá obtém voto, é uma zona que é uma das mais pródigas em loteamentos clandestinos e irregularidades. É a Lomba da Tamanca, a Pitinga, a Serra Verde, o Quintal do Portal, o único proprietário que veio a esta Casa tentar fazer um loteamento sem ser clandestino foi este. Os outros fizeram e estão lá e não vão sair de lá. O Ver. Décio Schauren, por exemplo, ele mora lá numa vila que deve ter 30, 40, 50 anos, que é irregular, não é regulamentada. A Vila Mapa, que foi implantada lá por 1965, agora está recebendo as suas escrituras. Por quê? Porque todos lá fizeram os seus loteamentos: Beco dos Herdeiros; todos são irregulares e clandestinos e esta Casa vai terminar, dia mais dia, regularizando aquilo lá. Teve um processo só que veio aqui pedir autorização de uso, de alteração de uso: foi este. Toda esta catástrofe que se viu no outro loteamento, a Prefeitura pode tranqüilamente evitar neste aqui.

Quando o Ver. Ferri se referia e dizia que a Câmara não aceitou que se criasse uma Comissão para visitar a área, eu lembro que este Veto está aqui desde o dia 5 de janeiro;  quatro meses ele está aqui, e o Ver. Ferri nunca se interessou em ir lá. Lá, ele não se interessa. Dá exemplo do Bois de Bologne, de Madrid, para os funcionários que estão esperando 25% aqui, é uma coisa bonita. É uma coisa boa. O exemplo que eu dou é na Lomba do Pinheiro, em toda aquela zona. Milhares de pessoas que compraram os seus lotes irregularmente, que não vão registrar os seus lotes, que nunca terão a propriedade dos seus terrenos, é isto que o Ver. Ferri quer. Ele quer que continuem iguais como estão. Então temos um caso que já diz que se tem um loteamento, não tem ninguém morando lá, e já vamos deixar bem claro isso aí. Não tem ninguém morando nesses lotes, o proprietário, por ignorância, seja lá porque, pediu autorização, erradamente, sem antes fazer alteração do uso.

E eu repito, e agora encerro, Sr. Presidente, o meu Parecer na Comissão Especial é baseado num documento do Sr. Olívio Dutra. Foi o Sr. Olívio Dutra que mandou dizer nada disso que foi dito na tribuna, nada disso. Foi dito aqui que o Parecer da Auditoria era contra o Projeto. Não é verdade. O Parecer da Auditoria define como é que se faz um loteamento, e que antes do loteamento ser feito tem que ter determinadas condições, a principal delas é essa alteração do uso. É isso que nós estamos tratando nesse momento. A Vila Castelo Branco, lá da Restinga, para onde foram aquelas pessoas que estavam no meio do leito da rua, em frente a Cidade de Deus, está numa área rural, a Metroplan foi lá e colocou ou está colocando água e luz, o DEMAHB está colocando lá casas – é uma área rural. Encerro Sr. Presidente, e eles nunca vão ter escritura, o único caso de alguém que pediu autorização, que pediu para legalizar essa situação é o constante desse Processo. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, passaremos à votação.

Convido os Vereadores Flávio Koutzii e Vicente Dutra para escrutinadores, uma vez que a votação é secreta.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Sr. Presidente, 33 Srs. Vereadores votaram. (É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLCL nº 002/88, por 17 votos SIM, contra 12 votos NÃO e 04 EM BRANCO.

 

PROC. Nº 1044/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 012/89, que fixa os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada do Município e dá outras providências. Com Emendas.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR, CFO e CUTHAB. Relator Geral Ver. Wilton Araújo: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 012/89. Com a palavra, para discutir, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem sido muito feliz e muito competente a Liderança do PDT, nesta Casa, ao procurar conduzir uma série de entendimentos prévios com as demais lideranças, entendimentos prévios esses dos quais eu não posso me excluir, mas seria interessante, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que sobre assuntos tão importantes, como é o aumento do funcionalismo público, que decorre de conquistas dessa categoria, pudessem esses entendimentos se darem em Plenário, numa discussão ampla, aberta, a fim de que todos os Vereadores pudesse debater esse assunto do funcionalismo. E parece que de consenso prevaleceu uma Emenda de Lideranças, a qual reconhece os 76% de inflação oficial do período janeiro a fevereiro, estabelece 60 dias para que o Sr. Prefeito Municipal envie a esta Casa um Projeto estabelecendo as regras, os momentos e os índices para cobrir essa diferença de 40 para 76%. Havia uma disposição das lideranças de oposição, de estabelecer o início dessa reposição relativa a esses 36% para julho e terminar em dezembro. Pediu a Liderança do PT que pudessem, dentro de 60 dias, fazer um estudo e debater com a categoria profissional, com a categoria dos trabalhadores da Prefeitura, a forma desses percentuais.

Mais do que isto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, também era essa a inclinação do sindicato dos trabalhadores da Prefeitura de Porto Alegre.

Acho que essa emenda de Liderança, aonde se insere o próprio PT, atende, por certo, os interesses do Sindicato dos Funcionários Públicos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Rigorosamente, o Sindicato havia aprovado os 25% e aqueles reajustes de que consta o Projeto.

E a bem da verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer com mais clareza, ontem, eu fui procurado pela Srª Presidenta do Sindicato, no sentido de esclarecer a posição do Sindicato. Eu não tenho dúvidas da posição do Sindicato. O Sindicato aprovou os 25%, mais aqueles reajustes que constam no Projeto, e o Sindicato que concordou é de que esta diferença de 40% para 76%, fosse resposta dentro de um limite de 80%, com despesa de pessoal por parte do Executivo. Então, efetivamente a Diretoria do Sindicato não concordou, porque a Prefeitura impunha, na sua proposta, que só cobriria esses 36%, se o Orçamento não passasse de 80%. Nessas condições o Sindicato não aprovou esse item. Mas também quero dizer, que a Srª Presidenta do Sindicato do Funcionalismo se mostrava muito apreensiva, muito preocupada, com o fato de que teria levado à Direção do Sindicato, à Assembléia Geral, a proposta de que os 76% seria pago em parcelas, já não se estabelecia o prazo.

Mas, para espanto da Presidenta do Sindicato, essa proposta que foi levada à categoria em Assembléia Geral, não constava no Projeto. Tomei o cuidado de pegar uma cópia do Projeto e mandar à Direção do Sindicato. Mas, uma coisa é certa, acho que nós corremos o risco de tentar consolidar a conquista dos funcionários municipais, que é o seu reajuste bimestral e de acordo com os índices de inflação. E, quando nós tentamos essa alternativa, qual foi a nossa surpresa? A de que o Sindicato estava satisfeito com os 25%. Eu imaginei que o Sindicato não iria ficar satisfeito com esses 25%, porque os trabalhadores fazem jus a 76%. Quando falei em 76%, eu que pensava que ia ser aplaudido delirantemente, fui vaiado delirantemente.

Tem razão o Ver. José Valdir, nós temos que aprender mais sobre atividades sindicais, porque nem todo sindicato está aí para defender os interesses do seu grupo de integrante. Uma coisa é certa: quando uma parte do corpo está afetada, ou todo o corpo está afetado ou esta parte não pertence ao corpo. Nunca assisti Sindicato brigar contra melhoria salarial, vaiar quem defende a conquista dos trabalhadores, aprovada por esta Casa no ano passado. Eu acho que nós não podemos, efetivamente, ser mais realistas do que o rei. Se o Sindicato quer 25%, quando o direito dos trabalhadores da Prefeitura é 76%, pois que se vote os 25%. Se o Sindicato quer deixar esse endividamento de 36%, para que o Executivo acerte quando bem entender, olhem Srs. Vereadores, aí é que corremos o risco de uma emenda, estabelecendo os 30 dias para a apresentação de um Projeto, a fim de que o Executivo apresente a esta Casa as condições para o pagamento desses 36%. Evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que na oportunidade da vinda desse Projeto nós poderemos discutir e viabilizar as condições propostas pelo Executivo. Já há uma tendência na Casa de que não pode passar este pagamento para o ano que vem. Aí o Sindicato vai me perdoar, porque eu até sou capaz de me inscrever como associado do Sindicato, se ele tiver a coragem de defender o pagamento sagrado dos funcionários da Prefeitura de Porto Alegre, devido em janeiro, fevereiro de 1989, para se pagar daqui a um ano.

Então, me parece que há um consenso das lideranças preliminarmente em, discutindo esta matéria, não permitir que a Administração do PT deixe de pagar o que deveria pagar em janeiro deste ano, para pagar em janeiro, fevereiro ou março do ano que vem. Mas, rigorosamente, vamos votar com a Emenda de Lideranças, na certeza de que possamos alargar os debates nesta Casa. Essas emendas de Lideranças, estes entendimentos, estas coisas fechadas no Gabinete da Presidência, não por culpa do Presidente, mas por convocação, não estão fazendo muito a minha cabeça, não estou gostando. Não estou gostando, porque ela rigorosamente vem bitolando, vem fechando, vem retirando o debate, que deve se dar nesta tribuna, que deve se dar publicamente, para se fazer no silêncio dos gabinetes. Não estou gostando deste tipo de condução das dificuldades administrativas do PT. Ora, se o PT ganhou a Prefeitura, que leve, que faça boa administração! Ganhou? Levou! Vitoriosos? Reconhecemos isso. Grandes Vitoriosos? Sim, grandes vitoriosos. Expressiva votação de Olívio Dutra? Sim, expressiva votação de Olívio Dutra. Agora, as suas dificuldades, as suas incoerências, os seus desmandos, devem ser administrados pelo PT e não pelos demais partidos desta Casa! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós entendemos que o funcionalismo de Porto Alegre assegurou, mercê de um trabalho feito pelo Sindicato, algo que o funcionalismo em toda história da Administração Municipal não havia conseguido que é exatamente recompor os seus salários através de um mecanismo na lei. E este mecanismo foi aprovado pela Casa através de uma Lei Complementar que estabelece a correção salarial com base na inflação. Isto é uma garantia mínima que foi assegurada ao funcionalismo, ao longo de um debate de muitos anos e que a Administração passada encaminhou à Casa e esta aprovou. E a matéria é oportuna, porque é muito perigoso e maléfico que o Partido entre no Sindicato. Desculpe-me o funcionalismo, mas nós hoje não temos representação, não há representatividade do funcionalismo. Por que é que o funcionalismo hoje não tem representatividade e tinha ontem? Tinha um movimento forte ontem e este movimento foi responsável pelo Plano, porque mobilizou suficientemente, no sentido de o Administrador, o Prefeito de então, fazer vir à Casa um Projeto de um Plano Classificado de Cargos. Até então nós tínhamos um movimento em defesa do funcionalismo. No momento em que o governo do partido vai ao poder, desaparece a representatividade do funcionalismo. Pertencer-se a partido político é outra coisa. O que não pode ocorrer é o de que hoje tempos prova clara, insofismável, em Porto Alegre. O Partido, o PT, é o próprio Sindicato. Na medida em que o PT sobe ao poder, desaparece o movimento, a ponto de um Vereador, aqui da tribuna, pedindo 76%, ser vaiado. Vaiado pelas lideranças, evidentemente. Afinal, vai para os anais da história que, podendo ter mais, o funcionalismo aplaudiu ter menos. Não há registro disto nos anais da história das lutas sociais, operárias e funcionais deste País. Por quê? Porque o movimento que era forte, através da AMPA, depois transformada em Sindicato, não existe mais. O Partido que entrou no Sindicato está no governo e os interesses coincidem. E aqui eu sustento uma tese: toda pessoa tem que ter o seu partido político sim, não se pode alienar. Agora, eu sou daqueles que entendem que o partido político não pode entrar na vida do sindicato, porque senão acontece hoje com o PT, amanhã com o Partido a, b, c ou d. Isto aí coloca um cabresto no avanço social, no avanço político, no avanço da própria classe trabalhadora, porque isto acontece hoje em Porto Alegre, isto tem que ficar bem caracterizado. Não existe representatividade do funcionalismo municipal a ponto de se aplaudir 25% e não se mobilizar para mais.

Mas vejam bem, qual é o índice registrado em janeiro e fevereiro: 76%; 76%, o Prefeito dá 40% e a classe aceita. Não faz aquela mobilização que era de se esperar. Não faz! É complacente com o quadro. Mas por que isto? Vamos examinar as causas. As causas estão exatamente ali. O Partido entra no Sindicato e transforma o Sindicato num aparelho seu. Foi isto que aconteceu em Porto Alegre e deve acontecer em outras áreas do sindicalismo brasileiro, não de todo o sindicalismo. Isto é bom para a vida do País, para o avanço, seja do trabalhador, do funcionário? Não é bom. Ontem o PT tomou o Sindicato e, na medida em que assume o poder, a luta desaparece. Amanhã, poderá ser o partido a, b ou c.

Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fica este registro de identificação deste fato que está hoje transparente à opinião do funcionalismo. O funcionalismo que tinha um vigor e que foi responsável, também, pelos avanços que teve o funcionalismo, acaba de não ter mais representatividade porque os interesses passaram a se confundir pelos avanços que teve o funcionalismo, acaba de não ter mais representatividade porque os interesses passaram a se confundir. Então há um ajuste de interesses onde se faz a simbiose do interesse político-partidário com o interesse reivindicatório por melhores salários. Esta é a questão fundamental que se dá hoje na nossa Cidade.

Nós, evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos aprovar, não vamos respeitar o que foi decidido numa Lei Complementar, qual seja, o de reajustar com base na inflação, e é bom que se diga ao funcionalismo – e o funcionalismo seja muito bem –, que não está havendo aumento real de salário, não está existindo aumento real de salário, aplicando-se, vejam bem, 76%. Se fosse aplicado 76% o funcionalismo apenas recompunha os seus salários com base no que ganhava em janeiro. É correção monetária, não crescimento real de salário, é apenas uma correção e nem isso sequer estamos cumprindo. O funcionalismo não terá reposto como convém, em que pese a boa vontade da Emenda de Liderança, o funcionalismo não está sendo sequer recomposto o seu salário.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fica aqui a nossa manifestação aproveitando este fato importante do ponto-de-vista sociológico, sustentar a tese e defendê-la de que é lamentável, atrasa o movimento social, político, atrasa as reivindicações sociais, o partido político assumir o sindicato e é o que se constata em Porto Alegre, na medida em que o partido vai para o poder e desaparece a alavanca impulsionadora da reivindicação e, com isto, perde o avanço, perde o funcionalismo.

Nós vamos, evidentemente, votar favoravelmente. Agora, quero deixar bem consignado este aspecto de que o funcionalismo de Porto Alegre não tem mais representatividade, capitulou, feneceu, desapareceu, porque no passado, que era vibrante o movimento, que existia o movimento, o Sindicato, a AMPA era forte, movimentou essa Cidade, foi-se a três greves, mobilizou, hoje não existe mais. Os interesses se confundiram e, como tal, desapareceu, está órfão o funcionalismo municipal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Alvarenga.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou pedir um pouco mais de paciência aos companheiros municipários que estão aguardando ansiosamente a votação do seu aumento, e também tranqüilizá-los no sentido de que está praticamente já decidida esta questão favoravelmente aos companheiros. Eu sou um Vereador do PT e sou sindicalista, e eu não pude ouvir quieto, calado as considerações dos dois Vereadores que me antecederam sobre a concepção sindical do meu Partido, do Partido dos Trabalhadores e tampouco a postura do Sindicato dos Municipários. Mas nós entendemos porque tanto fel, mesmo já havendo um acordo de lideranças que garanta o aumento dos companheiros. A razão é muito simples: uma semana antes da data das eleições, eleições estas que nos puseram aqui dentro desta Casa, os municipários estavam em greve. A minha categoria, os previdenciários, estavam em greve junto com os companheiros, e essa Cidade atravessava a decretação do estado de calamidade pública, decretada pelo Prefeito do PDT, Alceu Collares. O Sindicato dos Municipários, antes Associação dos Municipários, soube muito bem enfrentar a política salarial absolutamente imposta, política de arrocho imposta pelo PDT, aliás, arrocho que o próprio PDT reconheceu porque logo após o resultado das urnas foi encaminhado para essa Casa uma proposta de aumento salarial bastante considerável e, certamente, isso foi um reconhecimento, por parte do PDT, do arrocho que foi imposto aos trabalhadores pela Administração Alceu Collares. Talvez remessa desse Projeto tenha sido o único acerto que o Prefeito cometeu no que diz respeito à administração de pessoal durante os três anos da sua administração.

O Secretário Jorge Buchabqui, num debate nesta Casa, afirmava que os aumentos médios dados pelo Prefeito Alceu Collares à categoria municipária estiveram em torno de 57% da inflação. Isso foi o que os companheiros suportaram durante esses três anos, e não suportaram calados, foram 43 dias de greve, 43 dias os municipários cruzaram os braços e disseram que não trabalhavam pela miséria do salário que recebiam. Enfrentaram o arrocho e conseguiram conquistas.

Além disso, os companheiros da diretoria do Sindicato nos afirmaram, e nós acompanhamos pela CUT a greve dos companheiros, que o Prefeito Alceu Collares nunca reconheceu a Associação dos Municipários como órgão de representação dos servidores. Simplesmente desconsiderou a Associação que conduziu essas lutas dos companheiros que obrigaram o Prefeito a decretar o estado de calamidade pública. E é nesse sentido que nós achamos que o PDT tem que aprender muito sobre movimento sindical. Teve oportunidade de aprender durante três anos com a Associação os Municipários, teve a oportunidade de reconhecer a organização dos companheiros, e perdeu essa oportunidade.

Além disso, sempre que o Prefeito Alceu Collares, autoritariamente, ditatorialmente, encaminhava projetos que davam o aumento médio de 57% da inflação real, a esta Casa, esta Casa aprovou esse arrocho salarial durante todos esses três anos, esta Casa referendou a política salarial do Prefeito Alceu Collares e do PDT.

Talvez seja por isso que os municipários estejam tão descrentes desta Casa, Ver. Clóvis Brum, talvez por isto não se tenham emocionado com a sua intervenção; talvez porque já tenham uma experiência larga com a postura da Câmara de Vereadores, que saibam de que lado a Câmara de Vereadores está quando há um choque entre os trabalhadores e a Administração. Além disso, esta Câmara aprovou e, sabidamente, contra a posição da assembléia dos municipários, uma gratificação, na semana passada, companheiros, uma gratificação de um ano e meio básico, para os técnico-científicos. Sendo que a assembléia dos municipários, e todos os Vereadores sabiam, se posicionou categoricamente contra essa discriminação. Categoricamente contra! E a Câmara de Vereadores, mais uma vez, pisoteou nas resoluções, nas deliberações dos municipários e aprovou o Projeto que vai agora para o Executivo para ser avaliado. Que postura nós achamos que o Sindicato teve? O Sindicato dos Municipários...

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu agradeço, inicialmente, o aparte e felicito V. Exª porque estou entendendo pelas suas palavras que dentro de breves dias nós teremos nesta Casa um projeto também favorecendo as classes médias e menores do Município. Eu também entendi que aquela discriminação era descabida, daí porque eu vejo com bons olhos o seu pronunciamento, porque sei que desde os padrões menores até os padrões médios da Prefeitura terão, em breves dias, nesta Casa, um projeto a favor deles e de plano, eu posso dizer que estarei a seu lado votando a favor deles.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Ver. Cyro Martini é o seguinte: a assembléia dos municipários aprovou a proposta encaminhada pelo Prefeito à assembléia. Rejeitou um aspecto, a limitação dos aumentos aos municipários condicionada à arrecadação da Prefeitura. Isto é muito importante, porque os municipários querem continuar mantendo sobre seu controle e querem continuar podendo decidir de que lado da balança vai pesar mais nas negociações salariais. E esta proposta dos 80%, que eu também considero profundamente equivocada, na verdade é uma proposta que diminui em grande parte o peso dos municipários nas negociações salariais com a Prefeitura.

Essa foi uma demonstração de como o Partido dos Trabalhadores encara o movimento Sindical. Além disso a assembléia manteve a reivindicação dos 76% e os municipários vão lutar pelos 76%, porque lhes é devido, mas os municipários compreenderam que os argumentos levantados pelo Prefeito eram coerentes e resolveram lhe dar um crédito. Ali eu vejo um cartaz: “25% já, o resto é para negociar”. Os municipários querem negociar com a Prefeitura a diferença. Os municipários querem os 25% no bolso agora, e vão negociar a diferença com o Prefeito. E nós achamos que a Câmara dos Vereadores tem que aprovar esta proposta, por um motivo muito simples: porque assim entendeu a assembléia dos municipários. Assim entenderam os dois mil municipários que estavam na assembléia, e nós achamos que essa Câmara, é compreensível a irritação de alguns Vereadores, nós achamos que esta Câmara tem que referendar porque tem que fazer valer o interesse dos trabalhadores e tem que aprovar a proposta aceita pelos trabalhadores na sua assembléia soberana.

Nós achamos que havendo entendimento, para encerrar, Sr. Presidente, havendo entendimento claro entre os trabalhadores e a Prefeitura, a Câmara Municipal, diferente das suas postulações anteriores que diversas vezes aprovou projetos contrários ao interesse dos trabalhadores, desta vez deve aceitar o entendimento que os trabalhadores mantiveram com o Prefeito. Deve aceitar a deliberação soberana do Sindicato e dos dois mil municipários que aprovaram essa proposta. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos fazer um apelo aos Vereadores e a platéia, por favor, os nossos visitantes, colaborem. Nós vamos pedir para os visitantes colaborarem, ouvirem, por favor, para nós não termos que suspender a Sessão - aí vai ficar pior. Pedimos a atenção dos visitantes dos próprios Vereadores, os apartes regimentais. Nós estamos insistindo. Não vamos insistir muito para pedir esta colaboração.

O Ver. Edi Morelli está inscrito. Desiste. Ver. Artur Zanella.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA (Questão de Ordem): Antes de o Ver. Artur Zanella usar o espaço que lhe é cedido neste momento, gostaria que a Mesa, olhando o horário, prorrogasse a Sessão para termos condição de fazer a votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado. O Sr. Secretário, atento, nos comunica sobre o horário. O mesmo tem razão, prorrogamos por mais duas horas a Sessão.

Ver. Artur Zanella, V. Exª está com a palavra.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não pretendia usar deste espaço, mas como o Ver. José Alvarenga não sabe para que ele foi eleito, não sabe por que concorreu na eleição, disse aqui que a Câmara não tem que aprovar nada, a não ser aquilo que vem de uma assembléia de dois mil funcionários, ou seja o que for, eu vim aqui em primeiro lugar para dizer que nunca aceitei aquelas colocações que se faziam que a categoria liberou o Vereador ou o Deputado para votar isso ou aquilo. Acho que nós fomos eleitos para votar os projetos que vêm do Executivo e fazer os nossos projetos. Segundo lugar, posso até provar aqui, e não o farei, que o acordo que a assembléia aceitou trará a médio e longo prazo um prejuízo imenso aos funcionários em termos de vantagens, que serão calculadas sobre os 25%, em termos de desvalorização no decorrer do tempo, mas não farei isso.

Mais ainda, retirei a Emenda nº 3 que tirava aquela priorização aos padrões 2 e 3, porque apesar de aquilo ser absolutamente ilegal e prejudicial aos funcionários, como era uma Emenda supressiva, o Sr. Prefeito Municipal poderia usar aquilo como desculpa para atrasar o pagamento, como já atrasou, ou até entrar na Justiça contra aquilo e atrasar o pagamento, como já atrasou, então retirei. Mas, aos funcionários que são prejudicados, que viram uma lei complementar ser alterada por uma lei ordinária, tranqüilamente entrem na Justiça, que ganharão.

Mas o Ver. José Alvarenga perguntava o que a Câmara passada fez, direi a V. Exª. Em primeiro lugar nós aprovamos aqui um plano de carreira, que se não tivesse sido aprovado naquela época estaria hoje em discussão num conselho, sei lá aonde, e os funcionários públicos municipais estariam reduzidos àquilo que o Sr. Olívio Dutra declarou lá no Rio de Janeiro; perguntado que tipo de governo ele queria, ele disse que queria a república socialista dos índios guaranis ou o quilombo dos palmares. É nisto que vai terminar o funcionalismo municipal, quilombolas e de tangas com estes aumentos de 25%, que votamos aqui não porque nós gostamos, como nós votávamos os outros não porque gostássemos, mas sempre colocamos o nosso protesto. E vou dizer a V. Exª – e quando o Ver. João Antônio Dib voltar a citar o seu exemplo – que já que V. Exª gosta do Sindicato, pergunte a D. Ana Lúcia, Presidente do Sindicato, quem é que conseguiu audiência para ela e o Sindicato com o Prefeito Alceu Collares, quando ele dizia que não os recebia mais. Pergunte ao antigo Presidente, o Paulo, cujo apelido é “Chumbinho” quem é que foi lá com o Prefeito Collares conseguir audiência, porque o Prefeito Collares não queria mais receber o Sindicato, porque achava que tinha sido ofendido. Pergunte aos funcionários qual foi a bancada de Vereadores desta Casa que apresentou um projeto dando isenção nas faltas dos funcionários públicos na greve. Isto foi aprovado por esta Câmara, o Sr. Prefeito Municipal vetou e foi derrubado o Veto. Foi da Bancada do PFL, Ver. Raul Casa.

E digo agora, com a chegada do Ver. João Dib, quando S. Exª era Prefeito, deve lembrar-se que foi uma comissão de Vereadores e funcionários, quatro Vereadores e quatro funcionários, quatro Secretários Municipais, que numa comissão mista conseguiram até com anuência dos futuros candidatos e do futuro Prefeito, projetos a favor dos funcionários.

Nós fazemos o que é possível, Vereador, nós vamos votar hoje também de má vontade, mas é o que tem, é o que é possível. Eu tenho certeza que V. Exª é favorável ao que eu recebi hoje, da Srª Vera Maria, que é Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais, que edita o Jornal do PT, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, ela quer 108%. Ela não aceita somente 25%, não aceita 48%, ela que edita o Jornal do PT e o Jornal da Prefeitura, que está sendo distribuído, por sinal, impresso irregularmente no DMAE. E todo mundo sabe que a função do DMAE não é imprimir jornal, mas isso não vem ao caso.

Então, Ver. Alvarenga, faça a sua injustiça aonde quiser, já fizeram injustiça com V. Exª, quando V. Exª não queria votar um projeto. Não faça injustiça com seus colegas atuais, e muito menos com seus colegas passados.

 

O Sr. José Alvarenga: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria apenas de registrar, porque acho que o Ver. Zanella é muito feliz em notar uma nítida diferença entre a concepção que ele defende, sobre a postura de um Vereador nesta Casa, em relação à atitude de uma classe trabalhadora organizada no sindicato - é o entendimento que temos. Nós achamos que, se a categoria decidir, nós somos porta-vozes dos trabalhadores, e aqui nós temos que defender a posição dos trabalhadores. É uma posição bem clara, Vereador.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para lembrar a V. Exª, que a aprovação do Plano de Carreira, no final do ano, foi pressão do próprio Sindicato.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Então eu quero dizer claramente que uma assembléia de dois mil, outros diziam que era menos, podem-se equivocar. E o que a assembléia concordou, nós estamos aprovando hoje. O que nós estamos buscando garantir é a diferença dos 76%. É isso que nós estamos buscando garantir. O que assembléia aprovou, está aí. Aprovou equivocadamente na minha opinião, vai perder dinheiro a médio e longo prazo. Os 76%, quando receberem em prestações até dezembro, não vai valer nada, mas, se a assembléia aprovou, aceitamos aquela parte, mas esta segunda, não, esta vamos buscar para eles.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tenho certeza que o Ver. Omar Ferri não estava atento, no momento da denúncia de V. Exª.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Eu não fiz denúncia nenhuma.

 

O Sr. Clóvis Brum: De que está sendo impresso jornal do PT no DMAE? Tenho certeza que o Ver. Omar Ferri, com a sua competência e com sua inteligência, vai pegar esta denúncia e esclarecer item por item.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Encerro. Eu não fiz denúncia nenhuma. Há poucos dias também o Ver. José Valdir disse que fiz uma denúncia. Não fiz denúncia nenhuma. Foi quando eu dizia que os funcionários que vieram de São Paulo estavam hospedados nos melhores hotéis da Cidade, comendo e bebendo. Isto não é denúncia. Foi uma constatação. Está no jornal. Jornal impresso no DMAE, na oficina, e no DMAE não consta em sua estrutura que vá fazer jornal da Prefeitura.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Justificado, por que o DMAE está dando 60 dias de prazo para fazer ligação de água, porque não há funcionário. Tem que imprimir o jornal.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Então, os funcionários que hoje aplaudem os 25%, peço que façam justiça a esta Câmara, quando diz: vão aprovar os 25% que foram aprovados na assembléia e o que não foi conseguido, mediante reunião da assembléia, a nossa Emenda dá 60 dias para apresentação de um projeto. Então, o Sindicato que vá buscar, nesses 60 dias, que o Projeto venha bom. Agora, eu fui eleito para votar e votarei independentemente de liberações, recomendações de quem quer que seja, porque quem quiser votar que se eleja como me elegi. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Para encaminhar, com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está em Pauta o Projeto de reajuste salarial dos servidores públicos municipais que, depois de negociações com a categoria, assembléias e pressões de parte a parte, sensibilização desta Câmara de Vereadores através de movimentos diversos e, principalmente, pelo esforço e o trabalho das lideranças desta Casa na busca da compreensão dos motivos da Administração, assim como os próprios funcionários do Município já apontavam neste rumo, rumos coincidentes, portanto, as Lideranças propõem uma emenda, que estão buscando nesta concepção, a construção de uma identidade com os trabalhadores, com a Administração e com os interesses da Cidade. E é isto que se quer registrar aqui como feito fundamental desta Câmara, além das concepções diversas que se tem a respeito de como esta ou aquela proposta venha a ser apresentada em 60 dias pela Administração. Além das concepções diversas que passam por cada um dos partidos, o que se quer salientar aqui – e estamos utilizando o tempo da Bancada, da Liderança justamente, porque isto nos importa – é que o esforço das Lideranças desta Casa converge na perspectiva de entender as razões da Administração Popular e de buscar que estas razões tenham um Plano, que vem em 60 dias a esta Casa, para atender os interesses dos trabalhadores, fundamentalmente, da Cidade em consonância com os interesses dos trabalhadores e das bancadas nas suas diversidades, mas, principalmente, na busca do interesse comum. Assim, nós frisamos aqui, várias vezes, contradições fundamentais entre a prática do Partido dos Trabalhadores, a prática do Partido Comunista Brasileiro, daqueles que têm uma intervenção, hoje, na Administração Popular e a prática dos demais Partidos que têm representação nesta Casa. Nós temos que identificar, neste momento, uma convergência de interesses na busca do entendimento de que as razões da Prefeitura sejam ouvidas, assim como as razões dos trabalhadores estão sendo ouvidas pela Prefeitura. Busca-se o entendimento. Se não o conquistarmos, será daqui a 60 dias que verificaremos.

E temos que, numa perspectiva histórica, sim, saudar este entendimento, que resultou da negociação do espírito aberto, também do confronto de idéias, também do confronto da interpretação de números a respeito da realidade fazendário, mas, principalmente, no objetivo de construir uma solução e não um impasse. E é isto que está sendo saudado aqui, no encaminhamento favorável da Bancada, assim como está expresso dentro do acordo que resolveu e propôs a Emenda que vai ser votada em breve. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa, a partir de hoje, em especial as bancadas de oposição desta Casa, a partir de hoje, como nós do PDT, não aceitaremos mais acusação de tentarmos inviabilizar o Governo que se instalou em Porto Alegre, a partir de 1º de janeiro do corrente ano. Com esta Emenda, fruto de entendimentos de todas as lideranças desta Câmara, inclusive dos Partidos que compõem a Frente Popular, nós estamos dando a demonstração derradeira de que somos oposição, sim, nesta Casa, mas que não é do feitio de nenhuma das Bancadas com assento aqui na Câmara fazer uma oposição inconseqüente, ou que venha inviabilizar os planos e os atos do Governo da Frente Popular. E outra acusação, que foi feita inclusive há poucos momentos por algumas pessoas que estão aqui na assistência, que talvez sejam municipários – não os conheço –, também não podemos aceitar, porque esta Emenda de líderes está nada mais nada menos do que respeitando uma decisão da categoria. Se equivocada ou não, não entramos neste mérito neste momento, temos a convicção de que foi equivocada, até porque quando fomos governo nunca tivemos este tipo de compreensão que agora o Governo da Frente Popular tem, através do Sindicato dos Municipários. Mas a categoria assim decidiu, Ver. Flávio Koutzii, portanto, nós Vereadores, resolvemos subscrever uma Emenda, através de todas as lideranças consubstanciando agora na lei aquilo que já estava formalizado através de um compromisso político do governo com os municipários, qual seja, o reconhecimento de que a inflação oficial no primeiro bimestre de 1989 foi, efetivamente, 76,41%. Como o governo pagará esta diferença entre os 76% e os 40%? Isto será fruto da continuidade das negociações entre o Sindicato e o Governo da Frente Popular. Apenas estabelecemos e houvemos por bem estabelecer um prazo de no máximo 60 dias, cremos que em favor da categoria municipária, porque esta negociação não pode ser indefinida. Sessenta dias são mais do que suficientes para que a Frente Popular com o Sindicato possam estudar uma forma, um plano de pagamento e enviar a esta Casa para apreciação.

Então, o que se fez, em resumo, foi primeiro reconhecer aquilo que foi fruto de negociação e deliberação da categoria dos municipários. Segundo, dar ao Executivo Municipal todas as condições para estabelecer o seu plano de pagamento desta diferença, segundo as disponibilidades financeiras e orçamentárias. A partir de hoje nenhuma bancada de oposição, aqui, pode ser acusada de inconseqüente ou de oposição destrutiva ao Governo da Frente Popular.

Mas eu quero encerrar com uma afirmação: de todo este episódio, nós do PDT, particularmente, tivemos uma lição - para nós uma triste lição -, o atual Sindicato, da maneira como se comportou na votação e no encaminhamento desse Projeto, indiscutivelmente, fez o jogo do Governo da Frente Popular. E o Sindicato que faz o jogo do patrão só tem uma definição: é pelego. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, em homenagem aos funcionários eu vou desistir, não vou falar.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Airto Ferronato. Desiste. Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não vou ocupar os cinco minutos, apenas queria deixar um registro na tribuna quando se encaminha, pelo menos da minha parte, favoravelmente, como não podia deixar de ser, a votação desse Projeto. Ele vai receber a votação unânime dos Vereadores da Casa, apesar de toda a celeuma que aqui se levantou. Eu vou repetir uma palavra que o Ver. Artur Zanella gosta muito: uma constatação. Esta Casa depois da assembléia dos municipários não tinha outra coisa a fazer senão aprovar esse Projeto. Então, querendo nós ou não, estaremos ungidos à deliberação de categoria dos municipários.

Mas eu queria deixar registrada aqui uma preocupação, essa Casa felizmente se deu conta, num determinado instante, que ela não poderia substituir o Sindicato, como estavam pretendendo alguns Vereadores equivocadamente. No instante em que foram chamados à atenção sobre esse fato insólito, imediatamente se acordaram e passaram a conduzir o acordo que vai ser finalmente votado, na direção que compete a esta Casa orientar de certa forma, junto com o Executivo, a política salarial do Município, mas sem desconhecer o papel do Sindicato. Essa Casa vai aprovar uma Emenda que é fruto do consenso das lideranças, de todas, inclusive da Frente Popular, no sentido de que dentro de 60 dias o Executivo envie para esta Casa um projeto dizendo como e quando vai pagar esta diferença. Agora compete ao Sindicato gestionar junto ao Executivo para que este procedimento seja o mais rápido, breve e o mais consentâneo com as necessidade e aspirações da categoria municipal. A Câmara Municipal, repito, não tem o direito de substituir o Sindicato. O sindicato é jovem, tem poucos meses de existência, vai errar muito na sua trajetória, mas nós temos que confiar na categoria, que ela sim sabe o que quer; se ela aceitou a proposta do Executivo, isto é um problema dos municipários e não desta Casa. Nós temos que respeitar esta decisão. Portanto, vamos votar a favor. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, passamos à votação do PLE nº 012/89.

Convido os Vereadores Ervino Besson e Nereu D’Ávila para escrutinadores, uma vez que a votação é secreta.

Solicito o Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 32 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto por 29 votos SIM contra 01 votos NÃO e dois votos EM BRANCO.

Em votação a Emenda nº 06, pois as de nºs 01, 02, 03, 04 e 05 foram retiradas.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação da Emenda nº 06.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 31 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda por 29 votos SIM contra 02 votos NÃO.

Em votação Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLE nº 012/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PROC. Nº 1080/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 004/89, de autoria da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Observação:

-  Independente de Parecer, art. 143 do Regimento Interno.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 004/89. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Não havendo quem queira encaminhar, passaremos à votação do PR 04/89.

Convido os Vereadores Ervino Besson e Nereu D’Ávila para escrutinadores, uma vez que a votação é secreta.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 30 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto por 27 votos SIM contra 03 votos NÃO.

Em votação Requerimento de autoria do Ver. Valdir Fraga, solicitando seja o PR nº 004/89 dispensado de distribuição de avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h41min.)

 

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